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sexta-feira, 31 de agosto de 2007

E se...

E se de repente acordasses e o mundo à tua volta tivesse mudado completamente? Qual seria a sensação que te invadiria nesse momento? Se a tua vida tivesse dado uma volta completa, e tu, para acompanhares as mudanças que inesperadamente surgiam e que com muito custo tentarias assimilar, te esquecesses de ti, te anulasses, anulasses tudo aquilo que tinhas sido até ao momento em que adormeceste?
Se de repente olhasses para o lado visses que as pessoas tinham perdido completamente a noção de aqui e agora, de tempo, espaço, de si próprias, movendo-se maquinalmente, qual sistema perfeito de montagem, sem parar, sem olhar à sua volta, sem estender a mão a quem precisa, sem um olá, um bom dia, uma boa noite, um «Como está?»?
Se de repende todo tu começasses a entrar, a pouco e pouco nesse esquema de sociedade perfeitamente controlada e controlavél, sem recurso à subjectividade, onde o sonho, a esperança, a própria luz do sol não existissem, como que tivessem sido banidos, dando lugar apenas a um perfeito sistema meticulosamente engendredado e aplicado, onde a entropia não existia nem conseguiria corromper essa perfeita esfera maquinal?
E se de repente te sentisses só nesse sistema? Te sentisses ignorado, isolado, fechado, em que as pessoas olhassem para ti como algo de estranho, como uma anomalidade no interior do sistema, uma anomalidade que tem de ser combatida e anulada?
Se de repente tudo isto te acontecesse, deixar-te-ias anular? Integrarias o sistema? Deixavas-te assimilar? Deixarias de ser quem e o que és?
Como seria? tornar-te-ias mais um, em vez de um, ou terias forças suficientes para voltares a adormecer na esperança de que quando voltasses a acordar tudo voltasse àquilo que conheces?
«Mais importante que ter coragem para avançar é ter coragem para dizer não e ficar»

terça-feira, 28 de agosto de 2007

Breves

1. Gonçalo M. Tavares e Mia Couto entre dez finalistas ao Prémio PT para língua portuguesa

2. O escritor espanhol Francisco Umbral morreu hoje, em Madrid, aos 72 anos de idade, avançou o jornal "El Mundo", o diário com o qual colaborava.

3. Quatro curtas-metragens portuguesas seleccionadas para Festival Novo Cinema de Montreal, que se realiza no Canadá de 10 a 21 de Outubro.

4. Alberto de Lacerda, 78 anos, morreu ontem, em Londres, onde residia desde os anos 50. Foi um dos fundadores da revista "Távola Redonda", juntamente com David Mourão Ferreira. O ex-Presidente da República Mário Soares lamentou hoje a morte daquele que considera "um dos maiores poetas portugueses da segunda metade do século XX", ao lado de Herberto Helder, Mário Cesariny e António Ramos Rosa.

Jorge Durões com Agência Lusa e Público

Ingmar Bergman

Ernst Ingmar Bergman, um dos maiores cineastas europeus contemporâneos e um importante dramaturgo, deixou-nos no dia 30 de Junho do corrente ano.

Desde cedo se interessou pelo teatro, mas essa paixão só vem a concretizar-se durante os seus tempos de estudante na Universidade de Estocolmo, onde efectuou os seus estudos. A paixão pelo cinema, essa, só apareceu mais tarde na sua vida. Iniciou a sua carreira no ano de 1941, escrevendo o argumento da peça a "Morte de Kasper" e em 1944 escreve o primeiro seu primeiro argumento para um filme sujo titulo foi "Hets". Em 1945 realiza o seu primeiro filme, «Kris».

As temáticas centrais dos céus filmes são profundamente influenciadas por dramaturgos como Henrik Ibsen e August Stridberg, onde os temas existências da morte, solidão, tempo, Deus ou Não-Deus, tipologias diversas de fé, são abordados e retratados de uma forma imparcial, mas ao mesmo tempo encerrando uma profunda lição/moral. São literalmente representados pedaços partidos e espelhos dilacerados da alma e existência humanas.

Bergman coloca questões. Cada um dos seus filmes gira à volta de uma questão, que se pode assumir como fracturante, sensível, passível de profunda discussão. Ao longo do filme, Bergman vai tentando procurar e dar aos espectadores as respostas aos espectadores. Mas não as dá sem alguma luta. Na maioria dos casos são os próprios espectadores que têm de procurar, se não no filme, na sua própria experiência a resposta a tais questões.

Teve um romance com Liv Ullmann com quem teve uma filha. Dirigiu esta acrtiz em dez filmes, o primeiro dos quais «Persona».

Talvez o melhor comentário sobre Ingmar Bergman, ou provavelmente um dos melhores resumos da filosofia da sua obra, tenha partido de Jean-Luc Godard: "O cinema não é um ofício. É uma arte. Cinema não é um trabalho de equipa. O director está só diante de uma página em branco. Para Bergman estar só é fazer a si proprio perguntas; filmar é encontrar as respostas a essas perguntas. Nada poderia ser mais classicamente romântico». (Jean-Luc Godard, Bergmanorama, Cahiers du cinéma, Julho - 1958).

O director e argumentista morreu em sua casa aos 89 anos, de forma tranquila, segundo sua filha, Eva Bergman – e, curiosamente, no mesmo dia em que faleceu Michelangelo Antonioni. A sua última obra foi Saraband, que estreou em 2003.
Jorge Durões com Wikipédia
Alguns excertos de filmes de Ingmar Bergman
Saraband - 2003
Persona - 1966
Morangos Silvestres - 1957
O Sétimo Selo - 1956

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Eduardo Prado Coelho

Filho do Professor Catedrático Jacinto do Prado Coelho, autor de muitos ensaios sobre literatura portuguesa, licenciou-se em Filologia Românica na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, onde se doutorou em 1983, com a tese A Noção de Paradigma nos Estudos Literários, e foi assistente nesta instituição entre 1970 e 1983. Em 1984, passou para a Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, onde foi professor associado do Departamento de Ciências da Comunicação.

Em 1975-76, foi Director-Geral de Acção Cultural no Ministério da Cultura, criado com a Revolução de Abril. Em 1988, foi para Paris leccionar no Departamento de Estudos Ibéricos da Universidade de
Sorbonne - Paris III. Entre 1989 e 1998 foi conselheiro-cultural na Embaixada de Portugal em Paris. Foi Comissário para a Literatura e o Teatro da Europália Portuguesa (em 1990). Colaborou na área de colóquios na "Lisboa Capital Europeia da Cultura 94". Em 1997, tornou-se director do Instituto Camões em Paris.

Regressou a Portugal em Outubro de 1998, tendo voltado a ser professor na FCSH da
Universidade Nova de Lisboa, tendo-se reformado desta instuição em 2004. Nesta instituição leccionou várias cadeiras, de onde se destaca a cadeira de Cultura Contemporânea. Foi o comissário da participação portuguesa no "Salon du Livre/2000".

Teve ampla colaboração em jornais e revistas e publicou uma crónica semanal no jornal
Público. Foi autor de ampla bibliografia universitária e ensaística, em que se destacam um longo estudo de teoria literária (Os Universos da Crítica), vários livros de ensaios (O Reino Flutuante, A palavra sobre a palavra, A letra litoral, A mecânica dos fluidos, A noite do mundo) e dois volumes de um diário (Tudo o que não escrevi). Em 1996, recebeu o Grande Prémio de Literatura Autobiográfica da Associação Portuguesa de Escritores e, em 2004, o Grande Prémio de Crónica João Carreira Bom.

Foi membro do Conselho Directivo do
Centro Cultural de Belém, ex-membro do Conselho Superior do Instituto do Cinema, Audiovisual e Multimédia (ICAM), ex-membro do Conselho de Opinião da Radiodifusão Portuguesa e ex-membro do Conselho de Opinião da Radiotelevisão Portuguesa.

Publicou nos seus últimos anos de vida Diálogos sobre a fé (com
D. José Policarpo) e Dia Por Ama (com Ana Calhau), sendo Nacional e Transmissível (Guerra e Paz, 1ªedição 2006) o seu último livro editado.

Foi, ainda, Professor da Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias de Lisboa, no ano 2006.

Foi premiado, em
2004, com o Prémio Arco-íris, da Associação ILGA Portugal , pelo seu contributo na luta contra a discriminação e homofobia.
Foi uma das vozes mais esforçadas na defesa e na promoção das grandes questões da Cultura Contemporânea no nosso país, deixando à sociedade portuguesa um importante legado

Faleceu a
25 de Agosto de 2007 em Lisboa, deixando uma obra imensa e saudade. Os seus alunos, nele, reconheceram, mais que um professor, um excelente contador de estórias, uma pessoa divertida e, acima de tudo, de bem com a vida. Entre muitos dos seus alunos, «avozinho malandreco» era a sua alcunha, pelo seu espírito sempre jovial, forma irreverente de viver a sua vida e estórias fantásticas que uma pessoa normal não consegue vivenciar numa única vida.
Jorge Durões com Wikipédia

Nauti Elamastasi

«Carpe diem quam minimum credula postero»
Horácio, Odes (I, 11.8)



Esta expressão romana remonta ao período de tempo entre 65 a 8 a.C, quando o poeta Horácio a utilizou para expressar a ideia «colhe o dia, confia o mínimo no amanhã», ou seja, aproveita cada dia como se fosse o último da tua vida, vivendo-o intensamente, e não te importes mais que o necessário no amanhã.

A expressão, inserida na corrente literária e filosófica epicurista, banalizou-se e tornou-se muitissimo utilizada pela maior parte das pessoas com o lançamento do filme «Clube dos Poetas Mortos» (um dos meus filmes de eleição), onde a principal mensagem desse filme era, exactamente, o aproveitar o dia, o momento, cada momento.

Caro anónimo,

Nauti Elamastasi adquire muitos significados. Contudo, pode ser, também, uma variente da expressão Carpe Diem.

Nauti Elamastasi pode significar «aproveita cada momento o mais intensamente possivel, tendo sempre em vista a felicidade absoluta e a realização plena enquanto pessoa e ser humano.»

Penso ter esclarecido a tua questão.

Para todos Nauti Elamastasi!!

De volta...

Há muito tempo que não escrevia nada por cá. E fez-me bem este exercício de calma e reflexão, momento de viagem interior da procura do verdadeiro lugar que ocupamos neste mundo, qual a nossa função, as nossas expectativas, aquilo que queremos e o que esperam de nós.

Foi uma viagem produtiva que, finalmente, deu frutos e muito bons frutos.

Não foi só uma viagem interior. O interior também se exterioriza... e quando se exterioriza autênticos milagres acontecem graças à força de vontade... essa energia imensa que tem o poder de mudar completamente o mundo e endireitar o caminho que julgávamos completamente comprometido.

Voltei, e agora estou aqui. Tenho muitos textos para publicar. Reflexões que fui fazendo durante estes quase três meses de ausência. Como estão em papel só espero ter paciência para os bater a computador.

A todos vós, os meus cumprimentos.