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sábado, 3 de novembro de 2007

Pulsar


Para a Beta, como prova de que há momentos que merecem ser registados não só na nossa mente, porque aí têm o risco de se perderem.

Quando o viu teve a certeza… «é este… é este… é mesmo este…». Mas estaria tão certa disso? Será que finalmente tinha acertado? Nunca tinha sentido algo como daquela vez, em que lhe bastou um olhar para a paralisar por completo…

Ele entrou… o bar estava cheio… confusão, como de costume, copos, música alta, barulho, conversas, murmúrios, falatório, risos, choro, jogos, garrafas, o patrão, balcão, meia luz, verde, noite, sorrisos, bebedeiras, pseudo bebedeiras… mas quando ele entrou, a engrenagem temporal parou… como se ele controlasse os desígnios e segredos do tempo… como se ele tivesse a capacidade inata de controlar tudo o que se passasse em seu redor…

Entrou… o bar parou… a amálgama de gente que lá se encontrava, qual Mar Vermelho aberto por Moisés, dividiu-se em dois para o deixar passar… mas que capacidade seria aquela? Que teria ele para conseguir provocar tamanha reacção nos outros? Para alem das pessoas se afastarem para o deixar passar, ficou tudo a olhá-lo, como se de um D. Sebastião se tratasse… como se Deus tivesse, uma vez mais, descido à Terra…

Ela pensou mesmo «é este… ele é o homem da minha vida!». À medida que ele se aproximava do balcão os seus batimentos cardíacos iam-se intensificando… cada vez mais… e mais… e mais…

Ele fez o pedido e ela pensou «se és realmente o homem da minha vida olha para mim…». Nesse mesmo instante, ele vira-se e olha-a directamente nos olhos, como se tivesse a capacidade de ler os mais íntimos pensamentos das pessoas. Ela sentiu o sangue a subir-lhe à face.. ruboriza por completo, vira a cara meio a medo e questiona-se sobre o significado de tudo aquilo… quem seria aquele tipo… porque lhe teria provocado, a ela, aquele sentimento, aquele ardor, aquela sensação… aquilo tão especifico mas ao mesmo tempo tão difuso e confuso… uma sensação estranhamente boa, estranhamente sinistra mas ao mesmo tempo fantástica e imensa… a ela, que não sentia nada assim à muito tempo. Ganhou coragem e voltou a olhar para ele… tarde demais… já ia a sair do bar… acompanhado… acompanhado por aquilo que, pensou, seria uma amiga… e os seus caminhos separaram-se quase tão rapidamente como se tinham cruzado…

Ele saiu… ela ficou…
Ele foi-se afastando mas ela continuou a pensar no porquê de toda aquela situação… tinha de haver uma explicação… teria a ver com a carência afectiva que já à algum tempo sentia?... não, não podia ser… ele tinha literalmente parado todo aquele espaço, não passou indiferente a ninguém que se encontrava no local… ou seria realmente «o tal», o homem da vida dela que tinha aparecido e desaparecido quase no mesmo instante?... continuou a pensar em tudo isto…

Entro eu no bar… ela vê-me, chama por mim… aproximo-me dela… ela confidencia-me «encontrei o homem da minha vida…. Mas já cá não está…».

1 comentário:

AR disse...

É mesmo episódio típico de gaja!

=x