«Não ligues! Fsz-te de surdo!»... mas como ignorar os gritos estridentes e cavernosos do silêncio e da solidão? Como fugir deles? Como fugir da imensa banalidade que, por mais que dela fuja, teima em engolir-me por completo, sugando toda e qualquer força do meu corpo... tornando em mais um, apenas mais um, mais um ser anónimo, desinteressante e anulado perante este emaranhado de pessoas.
A noite foi surgindo... procurei um refúgio. Não! Já não o meu quarto. Outro... um refúgio na cidade... um refúgio onde me pudesse sentir acompanhado... onde pudesse respirar outras vidas, quem sabe mais interessantes que a minha. Mas não. Enganei-me por completo... tenho a mania de pensar que há por aí mais como eu, desprovidos daquilo a que hoje se convencionou chamar de «vida própria»... música, conversas, murmúrios, ruido, som de copos a bater nas mesas, dois que jogam às cartas, três que conversam, partilham vidas e vivências, reflectem sobre as suas experiências e... e... e... e eu... novamente eu... sozinho... sozinho... apagado, anulado... SMS... Não, era apenas alguém a pedir-me algo... a companhia mantém-se a mesma, invariavelmente, todas as noites... hoje, agora, à pouco, depois e... e... e sempre... a companhia de mim mesmo... aquela com quem sempre pude contar. Eu e eu, comigo. Um »me, myself and I» muito mais solitário do que esperançoso... E as folhas ainda têm a coragem de me brindar com um «you have touched so many hearts»... como será isso possivel se nem a mim mesmo posso e consigo chegar? I can't even touch my heart... How can I touch yours?
Mais uma vez recordo Maria Guinot... olho à minha volta e constato... Silêncio e tanta gente...
Foto: To want more
Copyright: Belard
belard.deviantart.com
2 comentários:
ladrão de fotos :O
*belard conjura mentalmente a imagem de jorge derramando toda a sua actividade sináptica no 40 e 1 num caderno a dizer happy day*
LOLOL mas tão lá os créditos.
E se fores sair logo à noite mostro-te o caderninho looool
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